Ione
Papas - na linha do samba
Sete anos após lançar seu primeiro - e elogiado - CD "Noel por Ione"
(Dabliú Discos), a cantora baiana Ione Papas apresenta seu segundo trabalho:
"Na Linha do Samba" (também pela Dabliú). O disco mostra as variadas
possibilidades do samba, a mais importante vertente da música popular
brasileira. Com músicas inéditas e desconhecidas, apresenta compositores
consagrados e da nova safra como os baianos Batatinha, Tuzé de Abreu,
Carlinhos Cor das Águas, Manuca Almeida, Tito Bahiense, Péri, Doda Macedo
e Mário Leite. Os cariocas Wilson das Neves, Paulo César Pinheiro, Talismã,
B.Lobo, Moacyr Luz e Osvaldo Pereira. E os paulistas Nando Távora e
Álvaro F C, este em parceria inédita com a própria cantora. Conta com
as participações especiais de Fabiana Cozza, Doda Macedo, Cristina Torres
e Quinteto em Branco e Preto além de músicos especialmente convidados:
Beto Sporleder (flautas), Bira Marques (piano e arranjos de metais),
Bocato (trombone), Filó Machado (arranjo base), Nahor Gomes (trompete
e flughel), Ronaldo Rayol (violão e arranjos de base), Sidnei Borgani
(trombone), Ubaldo Versolato (flauta e sax tenor) entre outros. Produzido
por Alexandre Fontanetti, tem direção artística de Ione que também contribuiu
na concepção dos arranjos com os músicos da banda.
Sobre
Ione Papas:
Ione começou cantando nos bares de Salvador. Estudou Teatro e Canto,
tendo integrado o Coral do Mosteiro de São Bento e, depois, o Coral
Madrigal da Universidade Católica de Salvador. Em 1987 estreou seu primeiro
show cantando Noel Rosa, intitulado "Seu garçom, faça o favor..", no
Teatro Vila Velha. No ano seguinte fez o show "A Serpente" no Espaço
Cultural IRDEB.
Em maio de 1989 ganhou o concurso de Novos Talentos promovido pela gravadora
Dabliú Discos, Rádio Musical FM e Moinho Santo Antônio, onde interpretou
um samba de Noel. Tornou-se um rosto familiar participando do Programa
"Sem Limite" na Rede Manchete, no Rio de Janeiro, onde respondeu perguntas
sobre a vida e a obra de Noel Rosa. Venceu todas as etapas, baseadas
em estudos que havia feito sobre o autor.
Em 2000 lança seu primeiro álbum, "Noel por Ione".
Nos últimos anos a artista tem apresentado o seu trabalho nos circuitos
musicais de São Paulo participando de vários projetos do SESC/SP, da
Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de São Paulo, além de
outros espaços destinados à produção musical de novos talentos.
Na
Linha do Samba
comentários da artista a respeito da formação do repertório:
Som
sagrado - Wilson das Neves e Paulo César Pinheiro
"Conheci a música no CD 'O Som Sagrado de Wilson das Neves'. Coloquei
no meu repertório juntamente com 'O Samba é Meu Dom', mas o Som Sagrado
foi escolhida".
Vestido
de malha -Tuzé de Abreu
Médico, músico e compositor baiano, da geração tropicália, conheci a
música ouvindo o CD na casa de Tuzé, em Salvador. Adorei e imaginei
Elza Soares cantando comigo. Fiz alguns contatos com Elza que se dispôs
a participar mas, na hora H, não deu certo".
O
samba é bom - Péri
"Está no CD de Péri 'A Cama e a TV'. Incluí no repertório. No início
do projeto chegou a ser cogitada para abrir o disco".
Bondinho
- Nando Távora
"Compositor paulista, conheci Fernando no Rio de Janeiro. Ficamos amigos.
Ao ouvir 'Bondinho' pela primeira vez, decidi que gravaria no novo disco.
É inédita".
Sonho
colorido de um pintor - Talismã e B. Lobo
"Está no LP 'Tom Zé - 1972'. Foi indicação de uma amiga artista plástica
baiana. Inicialmente pensei que a música fosse do próprio Tom Zé, pois
não havia os nomes dos compositores no disco. Descobri então, através
de Éverson, do Quinteto em Branco e Preto, os verdadeiros autores. Éverson
também sugeriu Fabiana Cozza para participar".
O
enterro do samba - Tito Bahiense
"Conheço Tito, desde Salvador, mas só ficamos amigos aqui em São Paulo.
A música está no primeiro disco de Tito 'O ENTERRO DO SAMBA OU VAMO
AGORA PRA MASSA'. O piano e arranjo de metais de Bira Marques deu o
toque classe. Sem falar no arranjo de base de Filó Machado. Muito chique
essa faixa".
Moleque
é tu - Doda Macedo
"Conheci Doda em 1990, em Salvador. Doda nasceu em Cícero Dantas, sertão
da Bahia, mas viveu parte de sua vida em Nazaré das Farinhas, no Recôncavo
Baiano. A música resume tudo: 'me criei no meio de um mundo pequeno/
ora seco, ora azul/ ora mangue, ora mandacaru'. Como eu não levei a
sério o meu lado de compositora, Doda se tornou uma das minhas principais
referências. Grande amiga e confidente, eu morro de inveja (no bom sentido,
é claro!) de cada composição que ela me apresenta. A música está no
seu 1° disco, totalmente independente e com músicas de sua autoria".
As
árvores - Osvaldo Pereira
"Foi dividindo o palco do SESC Pompéia em 2001 com Osvaldo Pereira,
que tomei contato com o cantor e compositor carioca. Entretanto, foi
no Crowne Plaza, que eu ouvi os versos 'meu único amor no mundo são
as árvores/ só elas com segurança não me desprezam'. Às vezes é chato
fazer comparações, mas não tive dúvidas: parece coisa de Noel Rosa".
Infinita
beleza -Doda Macedo
"Música inédita de Doda que chegou a sair duas vezes do repertório.
Com o toque especial de Leonardo Caribé (músico do Recôncavo Baiano),
ao violão, a música encontrou sua perfeita tradução. Com a participação
de Doda, fechamos com chave de ouro. Um belo momento do disco".
Pequeno
Sutra - Prof. Joaquim Monteiro
"Todas as manhãs em minha casa, logo depois do café, o professor e monge
Joaquim Monteiro desce à sua 'Monteiro Caverna' (o porão) para meditar
e rezar o Pequeno Sutra do Buda Amitaba. Ao ouvir todos os dias, comecei
a batucar na mesa da cozinha pra ver se dava samba. E deu. Levei o MD
pra Monteiro Caverna. Foram quase quinze minutos do Sutra cantado em
chinês. Levei pro estúdio e colocamos uma base de percussão com o Quinteto
em Branco e Preto. O texto sobre Exu, de Reginaldo Prandi, foi influência
de outra amiga e artista plástica, Cecília Panipucci, que retrata com
muita beleza e propriedade os Orixás do Candomblé. Os desenhos da Oferenda
(no tampo) e dos pandeiros no fundo da caixa do CD são dela".
Luz
acesa - Carlinhos Cor da Águas e Manuca Almeida
Compositores baianos. Conheço Carlinhos desde a década de 80 nos palcos
de Salvador. Sempre o admirei de longe. Conheci 'Luz Acesa' através
de Alexandre Leão (outro baiano). Cantei em duas apresentações, no Villaggio
Café e na MAURO Discos. Entrou para o repertório. Manuca Almeida, eu
conheci através de Tito Bahiense.
Saudades
de quem te ama - Moacyr Luz
"Inédita, veio pra mim através do próprio Moacyr numa fita cassete com
letra datilografada. Gravação caseira, sem muita qualidade na audição.
Mas quando a obra é grandiosa, tudo isso não tem a menor importância.
Um samba que impressiona a todos que o ouvem pela primeira vez.
Pérolas
do carnaval - Mário Leite
"Outro compositor baiano. Numa apresentação do Quinteto em Branco e
Preto no SESC Pompéia, ele me entregou, como Moacyr, uma fita K-7 com
um samba inédito. A gravação foi feita de forma precária numa apresentação
ao vivo do Samba da Vela. Repetindo: quando a obra é de grande valor
supera a qualidade técnica. Fiquei extasiada. Havia encontrado uma pérola
do samba".
Foguete
particular - Batatinha
"Mais uma obra-prima do genial Oscar da Penha, apelidado de Batatinha
por Antônio Maria pois, ele imitava Vassourinha no início da carreira
nas rádios de Salvador. Tive a honra de trabalhar com ele 4 anos alternados
nos trios elétricos no Carnaval da Bahia fazendo coro. Não me perdoou
por não ter me aproximado mais e convivido com este grande mestre e
compositor".
SambaRAP
- Ione Papas e Álvaro F. C.
"Aos 16 anos tomei minhas primeiras aulas de violão e arrisquei então
as primeiras composições influenciadas pelos Beatles. Depois veio Milton
Nascimento e o Clube da Esquina. Arrisquei até em algumas instrumentais,
bossa-nova etc., mas nunca compus um samba. Abandonei totalmente a idéia
e me dediquei apenas ao canto. O sambaRAP veio por acaso. Compus com
o meu vizinho que enquanto pintava a minha casa cantava canções do HIP
HOP feitas por ele".
Pequeno
Sutra do Buda Amithaba - Prof. Joaquim Monteiro
"O telefone da minha casa tocou. Professor Joaquim atendeu, mas já havia
entrado a secretária eletrônica. A conversa entre ele e minha tia de
82 anos e meio surda ficou gravada. Quando ouvi aquilo me joguei no
chão de tanto rir. Tinha que entrar no disco".
Som
sagrado [vinheta] - Wilson das Neves e Paulo César Pinheiro
"Após a gravação do naipe de sopros, Alexandre deixou tocar apenas a
voz com os metais para verificação. Achei muito bom e resolvi usar para
fechar o disco".
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