Trovadores Urbanos:
Copacabana

Copacabana

DB-0111

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O contato com um sistema de signos organizado instituiu, para o ouvinte, um presente, no sentido de dádiva e de temporalidade. Quanto mais volátil, mais eterno se instala no coração.

Falo do CD dos Trovadores Urbanos Copacabana. Os Trovadores cantarão pelas ruas essas cantigas. Bela profissão, a deles, jogando voz nas calçadas,quem quiser que apanhe a voz pairante, ou se aproxime da janela da casa serenateada. Este CD é uma janela.

A intuição que os levou a se colocarem como portadores dessas dádivas foi muito fortalecida com a presença de Zuza Homem de Mello, que instalou, com sua seleção do repertório, uma certa e bem dosada ordem cartesiana e estrutural no universo sem freios da criação popular brasileira.

O ouvinte recupera uma feição social longínqua, de sinhazinha, de sinhô (olha aí o coincidente nome do sambista), de senhorita, implantados no arquétipo brasileiro. Os muito jovens pensam que não conhecem essas canções. É engano, todos já as ouviram, nas profundezas emocionais. Estão vivendo biograficamente, desde sempre, “Nossos Momentos”, “Caminhemos”, “Se Queres Saber”. Que compositores fluentes, coloquiais... Haroldo Barbosa, Lupicínio Rodrigues, Fernando Lobo, Dolores Duran, Garoto, João de Barro. E a interpretação dos Trovadores aplica o artesanato de um canto narrativo. É uma interpretação atualizadora do que está implícito no canto brasileiro.

Senhores e manos, dêem a estes protótipos brasileiros um canto da sala, e ponham no colo da noiva o “Poema do Olhar”, faixa 3, por exemplo. Cuidado com “Fim de Caso”, faixa 5, porque a veracidade psicológica da canção é intensa, botaria a noiva em lágrimas.
Na complexidade das relações humanas esta emotividade do CD é bem-vinda. E esperada.

Tom Zé


Após terem coberto o universo da música paulista no CD “Canções Paulistas”, que afinal é o território de origem dos componentes do grupo criador das serenatas de casa em casa, nada mais natural que se voltem agora para o Rio, ajustando seu foco sonoro para o bairro de Copacabana.

Naquele Rio de Janeiro, ainda a capital do país, onde os mais ilustres representantes de uma elite intelectual e artística conviviam informalmente em reuniões frequentes, num ambiente que é um verdadeiro cenário de filme, os bares do Rio nos anos 50.

Nessa época de alta boemia, a música surgia como consequência dos encontros noturnos quase diários nas boatezinhas onde pontificam célebres cronistas como Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Vinícius de Moraes, Fernando Lobo, Antonio Maria, Sergio Porto e muitos outros. Era um soberbo bloco de artistas e intelectuais cuja obra nos transporta para a sedutora atmosfera que, de alguma maneira, tem-se a sensação de ter feito parte de nossas vidas. Mesmo não sendo cariocas, mesmo que muito jovens.

Como que percorrendo a curvilínea calçada de Copacabana, os Trovadores Urbanos concentram suas vozes nos sambas-canção do tempo em que as emissoras de rádio eram porta – voz de âmbito nacional para o que se criava no ambiente enfumaçado e regado a álcool das mesinhas de bares do Rio. Nos romances que nasciam e morriam às vezes em uma só noite, mas não desapareciam quando celebrados em versos melodiosamente emocionantes.

Esse período foi como um preparatório para a revolucionária Bossa Nova que explodiria logo a seguir. Foi ainda uma fase inusitada já que conviveram em harmonia duas gerações diferentes, alguns dos maiores compositores dos anos 30 como Ary Barroso de um lado, e os novos que surgiam, como Dolores Duran, de outro. Unidos pelo glamour. As melodias dessa época formam um significativo capítulo da memória musical brasileira: Copacabana, Se queres saber, Zum Zum, Bar da noite, Encontro com a saudade, Nossos momentos, Sábado em Copacabana, Kalú, são preciosidades de uma época de boemia pura, que a neblina do tempo tenderia a desvanecer, não tivessem tais canções o brilho ofuscante das gemas de uma mina da música popular.

Zuza Homem de Mello

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